As unidades de atenção primária à saúde de Uberlândia conseguem atender a 25% da população, enquanto o recomendando pelo Ministério da Saúde é de pelo menos 70%. Mesmo com atendimento a um terço do ideal, a demanda média por equipe é de 6 mil pessoas, até 50% maior do que o indicado pelo Ministério da Saúde, que é de 3 a 4 mil pessoas.

Segundo a coordenadora da Atenção Primária à Saúde na cidade, Elisa Toffoli Rodrigues, a Secretaria Municipal de Saúde vai reestruturar o setor para estender o atendimento a 50% da população. “Não estamos propondo o atendimento de 70% da população, que seria o ideal, porque vamos fazer uma ampliação real e nessa atual situação não conseguimos esse aumento. Fizemos um plano que conseguimos cumprir”, disse Elisa Toffoli.

Para conseguir atender o dobro da população assistida hoje, a Secretaria de Saúde vai construir novas unidades de atenção primária, que funcionarão com a estratégia do Programa Saúde da Família (PSF), e ampliar o número de equipes. O Conselho Municipal de Saúde já aprovou a reforma de dois PSF e de duas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a construção de três academias de saúde e de 20 unidades próprias de PSF – 16 vão substituir unidades já existentes que ocupam imóveis alugados e quatro serão novas. Com essas construções, serão criadas 24 novas equipes para atender a população.

De acordo com Elisa Toffoli, o município possui verbas do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais e também recursos próprios para essas mudanças. “Essas 20 unidades ainda é pouco e não alcança a meta de atender 50% da população. Mas precisamos de mais recursos para aumentar. Para isso, estamos fazendo um estudo técnico do município para aderir a uma nova portaria lançada pelo Ministério da Saúde de adesão a novas construções de unidades de saúde e também de mais academias”, afirmou.

Programação

Das 20 unidades de PSF aprovadas pelo Conselho Municipal de Saúde, três serão construídas em 2013. As reformas de dois PSF e de duas UBS também estão previstas para este ano, segundo Elisa Toffoli. Mas, a Secretaria de Saúde ainda não definiu quais localidades serão beneficiadas.

As três academias de saúde na cidade de Uberlândia devem começar a ser erguidas ainda em 2013, nos bairros Shopping Park, zona sul, Dom Almir e Morumbi, ambos na zona leste da cidade. “As academias são importantes para ajudar na prevenção e promoção de saúde e estarão vinculadas a unidades de PSF. Ainda não existe nenhuma academia de saúde estruturada em Uberlândia e pretendemos conseguir recursos para mais unidades”, disse a coordenadora.

As zonas leste e oeste de Uberlândia são as mais vulneráveis quanto à atenção primária à saúde, segundo a coordenadora desta área, em Uberlândia, Elisa Toffoli Rodrigues. “É uma população SUS-dependente muito grande e com baixas condições socioeconômicas. Mas todos os setores da cidade têm necessidades importantes”, afirmou.

A diferença entre os imóveis alugados adaptados para a estrutura de Programa de Saúde da Família (PSF) e os imóveis próprios planejados para abrigar este serviço é grande. A reportagem  de Uberlândia visitou três unidades de saúde da cidade – nos bairros Joana D’arc, Alvorada e Mansour – e observou que em locais adaptados existem problemas de espera e de infraestrutura apontados por funcionários e pacientes, enquanto em unidades próprias a reclamação é apenas quanto à espera por atendimento.

O PSF do bairro Joana D’arc, zona leste, funciona em uma casa alugada, com uma equipe, dois consultórios médicos e atende 6,1 mil pessoas. Devido à falta de estrutura adequada, é preciso fazer algumas improvisações, como a “sala” de orientação com psicólogo e assistente social, que funciona em uma área externa.

Segundo funcionários, a sala não é adequada porque a área não oferece ao paciente a privacidade que ele deveria ter com o psicólogo. Outro problema é quando chove. “Aqui alaga tudo. A gente fica dentro d’água. E ainda tem que ficar esperando mais de hora para ser atendida”, disse a dona de casa Solange Maria da Conceição Cavalcante, de 24 anos.

Unidades têm estruturas diferentes

A unidade Programa de Saúde da Família (PSF) do bairro Mansour, na zona oeste, funciona em regime de comodato no espaço do complexo Viva Mansour onde também estão alocadas atividades de seis secretarias municipais. O local possui três consultórios médicos, um odontológico e duas equipes, que atendem juntas a 11,2 mil pessoas.

A demora no atendimento é um problema para o microempresário Juliano Matias, que faz acompanhamento de hipertensão e diabetes. “Vim para uma consulta que estava marcada há meses e estou esperando há mais de duas horas”, afirmou. Funcionários da unidade também disseram à reportagem que quando chove, o espaço onde os pacientes esperam pelas consultas molha completamente.

Já a unidade do bairro Alvorada, na zona leste, que funciona em espaço próprio, conta com quatro consultórios médicos, um odontológico, uma equipe e atende a 6,3 mil pessoas. Sobre a infraestrutura, não houve reclamação por parte de pacientes nem de funcionários, mas a espera para atendimento é uma queixa da comunidade.

A dona de casa Nayara Batista Lourenço, de 18 anos, grávida de sete meses, esperou quase uma hora para tomar uma vacina. “Na última consulta que tive, no início do mês, cheguei às 13h e fui embora depois das 16h. O atendimento é bom, sempre que venho sou atendida, mas demora demais”, disse.

Com as novas construções e aumento de equipes, os territórios atendidos pela atenção primária à saúde serão redivididos e a população atendida por cada equipe diminuirá, segundo a coordenadora da atenção primária à saúde de Uberlândia, Elisa Toffoli Rodrigues.

“Essa redivisão vai diminuir o tempo de espera para atendimento, marcação de consultas e exames, já que teremos menos pessoas atendidas por equipe, além de ajudar a atingir o número preconizado pelo Ministério da Saúde de pacientes atendidos por equipe”, afirmou.

Hoje, uma das maiores reclamações dos usuários das unidades de atenção primária é a demora. O pintor Francisco Pereira da Silva, 41, costuma se consultar no PSF do bairro Mansour, na zona oeste da cidade, mas tem problemas com a espera. “Consulta aqui demora quase um mês. Estou com uma dor no braço e pedi a marcação de consulta. As atendentes me disseram que assim que marcar, me ligam. Só espero que não demore tanto, porque a dor está me atrapalhando no trabalho.”

Fonte: Correio de Uberlândia