Uberlândia: Valor sentimental e qualidade fazem aparelhos antigos resistirem ao tempo
sexta-feira, 17 de agosto de 2012O intervalo de tempo de lançamento entre um produto e outro é cada vez mais curto quando o assunto é tecnologia. Mas ainda existem aqueles que fazem questão de ter em casa aparelhos eletrônicos ou domésticos antigos e vivem buscando conserto ou, até mesmo, gente que ainda usufrui de algo que nunca estragou. Algumas pessoas de cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, também veem nos aparelhos antigos uma maneira de manter a história de suas famílias vivas e principalmente uma oportunidade para lucrar. Mas quem já não quer mais ter em casa objetos antigos e investe no novo, como fazer? Em Uberlândia, por exemplo, existe o Cata-treco.
Nayana Silva Cunha trabalha em uma loja de conserto de eletrodomésticos em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e disse que vê um crescimento no número de pessoas que preferem consertar os aparelhos antigos a comprar novos. “Quem tem modelos antigos prefere consertar, principalmente ferros de passar, liquidificadores e abajur. Hoje em dia com a competitividade os produtos perderam muito a qualidade e os antigos, para muitos, duram bem mais”, contou.
Segundo Katiana Márcia Cardoso Ferreira, que também trabalha em uma empresa da área na cidade, entre os eletrônicos que mais aparecem para consertar estão as TVs, os rádios e os videocassetes. “As pessoas mais velhas ainda utilizam esses aparelhos, pois muitas vezes é algo que lhes foi deixado de herança. Tenho clientes que tem muito amor pelos aparelhos”, disse.
Ainda de acordo com Katiana, há também pessoas que levam os aparelhos à loja quando não os querem mais. “Às vezes trazem e pedem para que joguemos fora. Então levamos para um depósito onde as peças são reaproveitadas”, comentou.
Hudson Correa é subgerente de uma loja que conserta eletrônicos na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, e disse que muitas pessoas também levam aparelhos antigos para a loja. “Quando se conseguem as peças destes aparelhos e não são muito caras, compensa o conserto. Mas depende muito do aparelho”, alertou.
Segundo Hudson, por outro lado, alguns eletrônicos que chegam à loja são verdadeiras “relíquias”. “As pessoas trazem muitos aparelhos antigos que herdaram e querem guardar. Há alguns dias trouxeram uma radióla antiga portátil. É praticamente uma relíquia”, comentou.
Relação de afeto
Para algumas pessoas os aparelhos antigos significam a preservação de histórias. A assessora contábil Lucieny Clemente Amaral vive em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, e tem um rádio de 1960 que ganhou do pai. Ela disse que apenas o levou para consertar uma vez. “Ganhei do meu pai e foi o primeiro rádio que tivemos em casa. Ele é mais velho que eu. Houve uma vez que estragou o cordão onde mechemos na sintonia, mas coisa simples”, contou.
Lucieny contou, também, que os aparelhos antigos têm uma qualidade extremamente superior aos de hoje em dia. “É difícil eles darem defeito e quando dão o conserto é barato”, comentou.
Para a assessora, o rádio que ganhou do pai está presente em suas atividades até os dias de hoje e o valor vai além da qualidade material. “Estou com ele pelo valor sentimental, eu gosto de coisas antigas e ele é a vela ainda, temos que espera esquentar para ele funcionar. Eu e meu marido gostamos de escutar jogo nele sempre que podemos”, concluiu.
A publicitária Raquel da Silva Vinhal é de Carmo do Paranaíba, também no Alto Paranaíba, tem um rádio de pilha com tocafita cassete praticamente intacto. Segundo ela, o aparelho nunca passou nenhum grande conserto e funciona perfeitamente até os dias de hoje. “Esse aparelho foi comprado logo após o lançamento do modelo. Meu pai comprou para mim e para meu irmão quando éramos crianças há cerca de 20 anos atrás e funciona até hoje”, contou.
Raquel contou que apesar de não utilizar mais o aparelho de som, que ele representa um arquivo de memórias não só da infância, mas de músicas e bandas. “Ele tem um valor sentimental pelo fato de que eu e meu irmão gostamos muito de música. É um item interessante como o vinil e para quem gosta é importante preservar. Para o uso hoje em dia não é nada prático, para você ter ideia uma fita pode armazenar até no máximo oito ou 10 músicas, mas é uma forma de você ter a música dos cantores que você gosta de forma preservada”, explicou.
Para a publicitária, os aparelhos antigos duram mais, entretanto, vai do zelo de cada um cuidar para que eles não estraguem. “É questão de saber usar o aparelho, ter cuidado e saber conservá-lo”, concluiu.
Cata-Treco em Uberlândia recolhe aparelhos antigos
E para aqueles que não querem mais aparelhos antigos, a Prefeitura Municipal de Uberlândia oferece desde 2011 o “Cata-Treco”. O serviço consiste em um caminhão que percorre as ruas e coleta materiais que o caminhão de lixo comum não recolhe. Segundo a assessoria de Comunicação, os aparelhos mais recolhidos são os da linha branca com destaque para fogões e geladeiras. Ainda segundo a assessoria, alguns aparelhos recolhidos podem ser doados e outros devidamente descartados em locais apropriados. Os interessados também podem agendar o serviço pelo telefone (34) 3232-9191.
Fonte: G1
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