Moradores reclamam da criminalidade em bairro de Uberlândia
sábado, 15 de setembro de 2012O Bairro São Jorge está localizado na zona Sul de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e é um dos mais populosos da cidade, contando com 27 mil habitantes, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O bairro cresce em extensão simultaneamente ao índice de violência, que assusta e tem preocupado a população local.
Uma moradora antiga da região, que preferiu não se identificar, lamentou a situação da criminalidade no São Jorge. “A gente fica muito triste pelas coisas que acontecem. Aqui já foi muito tranquilo, mas hoje a gente vê muitas mães chorando, muita violência, muita desintegração de família”, disse.
Pelas ruas é possível notar o medo e a tentativa de promover a segurança com casas fechadas, janelas e portas com grades. Segundo a moradora, tornou-se comum ouvir pelas ruas as pessoas comentando sobre roubos de carros, furtos ou moradores assaltados.
A aposentada Maria José Ribeiro compartilha do mesmo medo e quase não sai de casa, principalmente à noite. “Só vou à igreja e volto, nem vou para outros cantos não”, contou.
Os crimes ocorrem a qualquer hora do dia em casas ou comércios, fazendo com que muitas famílias se sintam desprotegidas e à mercê da violência. “Eu gostaria que tivesse mais segurança porque quanto mais é melhor”, sugeriu a aposentada Marlene Resende da Silva.
O proprietário de um supermercado no bairro, Nelsonei Ornelas, comentou que deixa apenas uma das três portas do estabelecimento aberta para os clientes. Além dessa prevenção, ele já investiu em um circuito completo de segurança interna com câmeras e alarmes, medida que tem a finalidade de evitar furtos e roubos cometidos por menores infratores. “Eles costumam furtar produtos em geral, observam se não tem nenhum funcionário olhando e saem pegando tudo o que está mais fácil”, informou.
Mesmo com todo o investimento, Nelsonei afirmou que as ocorrências são frequentes e como a polícia não tem dado conta de pegar os infratores, ele usa outras alternativas para tentar amenizar a situação. “É bastante complicado e nem o corpo policial está conseguindo mais. Eu procuro fazer amizade com esses menores, com as famílias deles para ver se na amizade eu consigo evitar os roubos”, falou o proprietário.
Crimes
A região do Grande São Jorge integra o São Jorge 1, 2 e 5, além dos bairros São Gabriel, Remanescente do Quinhão 2, Jardim das Hortências, Primavera Parque, Seringueiras, Viviane e Campo Alegre. De fácil acesso a rodovias, é considerado um dos bairros mais violentos de Uberlândia com alto índice de homicídios, segundo a Polícia Militar (PM). E a maioria dos crimes está relacionada ao tráfico de drogas.
Um dos homicídios mais violentos e recentes registrados no bairro foi o de uma agente do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que foi morta a pauladas por um morador com suspeita de portar problemas mentais. O crime ocorreu no último dia 28 de julho e mobilizou toda a cidade.
Outro crime foi uma tentativa de homicídio contra o delegado da Polícia Civil de Uberlândia, Eduardo Leal, atingido por um tiro no ombro esquerdo durante uma operação de combate ao tráfico de drogas e homicídios na região dos bairros Campo Alegre e Seringueiras, mais conhecida como “Alto São Jorge”.
Segurança Pública
Para tentar reduzir o índice de tráfico e mortes violentas na região, o bairro conta com um posto policial, onde foi criado recentemente o Grupo Gepar. Também foi instalado um novo posto do Corpo de Bombeiros exclusivo para os moradores.
Segundo o assessor de comunicação do 17° Batalhão de Polícia Militar, capitão Davi de Brito, operações diversificadas são realizadas frequentemente no Grande São Jorge e a PM também trabalha com a questão do policiamento comunitário, que pode auxiliar na diminuição de crimes. “Isso se refere à participação de todas as pessoas nesses problemas, que além de ser um problema só de polícia é um problema social. A intervenção imediata a PM já faz, então é preciso também do apoio do cidadão como as denúncias anônimas”, esclareceu.
Brito acredita que um dos motivos que acarretam os crimes nos bairros mais violentos tem a ver com fatores sociais. “Por exemplo, nós tivemos nos últimos meses uma invasão de casas no Shopping Park, uma na Fazenda Glória e outra em um assentamento próximo ao Ceasa. Foram três invasões com muitas pessoas e isso pode ter facilitado os vários crimes deste ano”, comentou.
A equipe de reportagem da TV Integração – afiliada Rede Globo solicitou entrevista com um representante da Prefeitura para falar sobre a infraestrutura nos bairros que também pode colaborar com o trabalho de prevenção da violência, mas por e-mail a Secretaria de Comunicação da Prefeitura informou que não mandaria nenhum representante.
Fonte: G1
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